Entre os fatores que desencadeiam o uso de drogas pelos adolescentes, os mais importantes são as emoções e os sentimentos associados a intenso sofrimento psíquico, como depressão, culpa, ansiedade exagerada e baixa autoestima. A família deve conhecer os amigos que o jovem costuma sair, e esclarecer o mal que a droga pode lhe proporcionar, dando o exemplo de não fumar e beber na frente deste jovem, que imediatamente é estimulado a novas sensações e é nesta fase que o indivíduo busca estar em pequenos grupos de amigos, compartilhando de novas experiências, se a família não prevenir o jovem e se ausentar no seu processo de desenvolvimento, este tem maior propensão de fazer usos indevidos de drogas.
1. Introdução
A adolescência é o período que impõe o indivíduo a novas experimentações, que podem causar uma dependência para toda a vida. O uso de drogas é um fenômeno bastante antigo na história da humanidade e constitui um grave problema de saúde pública, com sérias consequências pessoais e sociais no futuro dos jovens e de toda a sociedade.
Nessa etapa o jovem não aceita orientações, pois está testando a possibilidade de ser adulto, de ter poder e controle sobre si mesmo. É um momento de diferenciação em que afastam-se da família e aderem ao seu grupo de iguais. Se esse grupo estiver experimentalmente usando drogas, o jovem utiliza também, pois quer fazer parte deste grupo mostrando que tem liberdade para usar qualquer tipo de substância.
O fumo, o álcool e as drogas ilícitas são considerados de risco e, potencialmente, substâncias de abuso.
3. Epidemiologia
O uso de drogas na adolescência, segue pela pressão do adolescente estar sempre inserido em grupos de amizades, que entre curiosidades e experimentações, fazem o uso precoce e indevido de drogas neste período, em que o adolescente se identifica com os amigos e desafia a família, para conquistar maior liberdade. Inicialmente o sujeito inicia com o cigarro acompanhado de bebidas alcoólicas.
O álcool, a maconha e o tabaco, são as três drogas mais populares entre os adolescentes, às vezes, são chamadas de drogas de porta de entrada, pois seu uso costuma levar ao uso de substâncias mais aditivas, como a cocaína ou a heroína (Gerstein e Green, 1993).
Os adolescentes fumam por pressão dos iguais, por curiosidade, por imitação, como manifestação de independência, rebelião, ou com a intenção de fazer uma "figura importante". A nicotina do fumo provoca dependência. O que se observa é que reduz a ansiedade e a resposta ao estresse, tem uma ação antidepressiva e ameniza o "aborrecimento". É uma das substâncias mais aditivas. Os efeitos farmacológicos incluem um estado de alerta, relaxamento muscular, melhora da atenção e diminuição do apetite. Inicialmente pode produzir náuseas e vômitos até que se desenvolva a tolerância.
Os adolescentes consomem álcool porque "todo mundo bebe", "eu gosto, é divertido", "ajuda-me a relaxar", "tira-me a timidez", "estou mal, serve-me para escapar do sofrimento", "por que não, além do mais nem bebo tanto". O álcool contido em variáveis quantidades em bebidas, tais como a cerveja, o vinho, e vodks, é a droga de maior uso, promovendo as mais graves consequências para a saúde pública. O adolescente que bebe ocasionalmente e tenta equiparar-se aos amigos bebedores, pode chegar a uma overdose letal de forma inesperada. Devido ao consumo de álcool, criam problemas em três das seguintes áreas: família, autoridades da escola, polícia (infrações às leis). A síndrome da abstinência: tende a manifestar-se como um estado de ansiedade e depressão.
No caso de associação de álcool com antidepressivos, causa a morte por parada respiratória, passando da inconsciência à anestesia: diminuem os reflexos, há dificuldades cardíacas e respiratórias, hipotermia, e convulsões. O álcool diminui a atenção, a concentração e a memória. A queda do rendimento escolar contribui ainda mais para baixar o nível de autoestima do bebedor e a consequente perda de interesse na escola.
Alguns adolescentes se refugiam no álcool, escapando da responsabilidade de crescer e amadurecer, e sua vida se complica pelo comportamento impulsivo e agressivo, levando o indivíduo ao suicídio.
A maconha provém das folhas e flores de uma planta chamada cannabis sativa. Há uma grande variedade de alterações psicoativas na dependência do conteúdo de THC (tetrahidro-canabinol), que é o componente que induz as modificações do estado psíquico. Na atualidade, a concentração é maior do que na década de 70. Com uso frequente as consequências são: perda da motivação, interesse na escola e nas atividades que costumavam atrair o indivíduo, isolamento, mudança de amigos, procurando aqueles que usam drogas, mudanças de ânimo, irritabilidade, distração, problemas de concentração, aumento do apetite e do peso. O uso intensivo se associa a abuso de álcool, cocaína e outras substâncias psicoativas. Não há síndrome de abstinência, mas o adolescente com uso intenso que se priva da maconha pode sofrer insônia, ansiedade e depressão. Aqueles que iniciam tratamento para abandonar a dependência são frequentemente levados a voltar ao uso devido à insônia. Esta pode ser uma indicação de internação.
Os inalantes: hidrocarbonetos voláteis, gasolina, colas de secagem rápida incluem muitos produtos para uso doméstico e industrial, de acesso fácil em casa, nas lojas e nos supermercados. Trata-se de uma atividade que começa usualmente na pré-adolescência. Alguns adolescentes inalam cobrindo a cabeça com sacos plásticos (o que pode provocar a morte por asfixia). Pode ocorrer dano nos tecidos das vias respiratórias devido ao calor gerado pela expansão dos gases. Os inalantes podem cobrir os alvéolos pulmonares, interferindo na oxigenação, o que pode, a longo prazo, causar dano cerebral.
A cocaína é usada por inalação nasal, causando estado de euforia. É comum a tendência ao uso repetido, por isso essa forma de consumo leva mais rapidamente ao uso compulsivo. A cocaína possui um atrativo especial entre os jovens: como inicialmente produz sentimentos de energia, confiança e poder, é especialmente atrativa para os adolescentes inseguros, com baixo nível de autoestima e ansiedades ou fobias sociais. Ao iniciar o uso, os efeitos da droga são francamente positivos: o funcionamento mental melhora e o relacionamento social aparentemente se torna mais adaptado. Os aspectos positivos são ilusórios. Com o uso repetido, a estimulação do estado de ânimo, a sensação de energia e de triunfo são cada vez de menor duração. Não só porque a ação da droga diminui seus efeitos, mas também porque, depois do uso, estabelece-se um estado de disforia e irritabilidade, o que faz reiniciar o uso, até chegar à exaustão. Vive-se então estados de profunda ansiedade e paranoia. Pode manifestar-se, por vaso constricção coronária, inclusive dando lugar a infarto do miocárdio. Também pode produzir um quadro severo de hipertensão
Alucinógenos: ácido lisérgico (LSD) O LSD é muito poderoso, os adolescentes que o utilizam procuram as sensações de alucinações visuais, distorções da imagem corporal e da percepção do tempo. De forma inesperada, entretanto, podem sofrer uma bad trip (má viagem), com sensação de pânico e perda do uso da razão. O fenômeno pode ser recorrente e causar pânico.
4. Diagnóstico
Na avaliação clínica como se recomenda, a atitude do profissional da saúde frente ao adolescente deve ser aberta, compreensiva e tolerante, deixando de lado qualquer resquício de autoritarismo ou preconceito. Estabelecendo-se um clima de empatia. A avaliação do jovem deve ser cuidadosa, pois o adolescente preocupa-se com o sigilo do profissional, e para isso deve-se estabelecer um vínculo de confiança, de ambos.
O objetivo desta avaliação realizada por questionários, inventários e escalas desenvolvidas especificamente para o jovem, é de investigar sobre a saúde física e mental; sobre o comportamento e o relacionamento social e familiar; o ajustamento escolar ou profissional; sobre seu lazer; e, finalmente, sobre o uso de drogas e os problemas a ele associados, estabelecendo uma história sobre o uso de drogas na vida. Após essa avaliação global do adolescente, por meio da investigação das diversas áreas de sua vida, realiza-se o exame físico e solicitam-se exames laboratoriais, se necessário.
O jovem dificilmente procura ajuda por conta própria, pois na sua percepção está tudo certo, e usar drogas é uma questão de hábito, podendo parar á qualquer momento. Cabe a família, dar mais atenção para este adolescente que por algum motivo entrou no mundo das drogas e encaminhá-lo para uma avaliação ou tratamento médico.
5. Tratamento
A escolha de tratamento depende de fatores extrínsecos, isto é, da disponibilidade do tratamento mais adequado para o jovem (próximo ao local de sua residência e compatível com sua condição socioeconômica e com seu sistema familiar), como também de fatores intrínsecos, como a motivação do jovem e a gravidade de seu diagnóstico como um todo. O tratamento do adolescente deve levar em consideração também, o tipo da droga utilizada e a frequência do consumo, abarcando o desenvolvimento global do adolescente, a modificação do comportamento de uso de álcool ou drogas e a resolução dos problemas associados, além do reajusto familiar, social e ambiental.
O jovem pode ser internado num período integral, sendo utilizada abordagens tais como a psicanálise, a terapia comportamental, e a cognitivo- comportamental, no intuito de desenvolver modos mais satisfatórios de relação consigo mesmo e com os outros, estimulando a autonomia do indivíduo de lidar com situações do cotidiano, para que este enfrente seus problemas e supere-os, não precisando mais da utilização de drogas, para se sentir melhor, pois este efeito é momentâneo mas as consequências não.
6. Considerações Finais
Segundo Newcomb (1995), os fatores de risco para o uso de drogas incluem aspectos culturais, interpessoais, psicológicos e biológicos. São eles: a disponibilidade das substâncias, as leis, as normas sociais, as privações econômicas extremas; o uso de drogas ou atitudes positivas frente às drogas pela família, conflitos familiares graves; comportamento problemático (agressivo, alienado, rebelde), baixo aproveitamento escolar, alienação, atitude favorável em relação ao uso, início precoce do uso; susceptibilidade herdada ao uso e vulnerabilidade ao efeito de drogas.
Os adolescentes que experimentam drogas dão razões similares às descritas para o fumo e para o álcool: pressão dos companheiros, uso por parte dos familiares (habitualmente irmãos mais velhos), estresse, aborrecimento, rebelião, ansiedade, depressão e redução da autoestima. O uso do fumo e do álcool em geral precede à experimentação com drogas.
Nenhum adolescente fica imune à influência social e ao fácil acesso de drogas. É preciso criar novas prevenções, afim de chegar ao jovem antes dele usar algum tipo de substância de abuso, investindo em áreas esportivas e educacionais para que estes se ocupem de maneira inteligente e eficaz para o seu futuro.
Fonte: Adriele Alves - Acadêmica de Psicologia - UNESC
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