Drop Down MenusCSS Drop Down MenuPure CSS Dropdown Menu

terça-feira, 28 de abril de 2015

Pobre do pobre

Impressionante como é fácil alegrar aqueles que são socialmente oprimidos (entenda-se pobre).
Não quero de forma alguma ser preconceituoso, afinal também sou daqueles que têm ereção atribuída ao décimo terceiro salário (pena que em janeiro esta ereção é interrompida pela precoce ejaculação que os impostos nos proporcionam). De fato o mundo seria muito melhor se as pessoas fossem remuneradas de forma descente, mas não! A turma que gerencia o Brasil deve sofrer da síndrome de Caco Antibes e odiar a locomotiva que propulsiona o país – o pobre trabalhador.
Ontem enquanto passeava pelo shopping, feliz da vida com meu décimo terceiro salário, encontrei pessoas como eu, sorridentes, esbanjadoras de momentos e vítimas da pegadinha da dona Dilma Rousseff – programa especial de fim de ano criado para iludir os emergentes assalariados do país rico é país sem pobreza.
Com certeza devem existir câmeras do palácio do planalto espalhadas por toda a cidade, onde cada imagem deve servir de comédia para nossos ilustres Serginhos Malandros (ié ié...). Posso imaginar a Dilma rindo das minhas proezas: “olha aquele cidadão gente (rárárá), quer comprar um par de tênis com a miséria que recebeu a mais, e ainda está pedindo desconto” (sic).
Posso imaginar o Lula chorando de tanto rir daquele companheiro que pela primeira vez sentou na poltrona massageadora e com dez reais sentiu 5 minutos de prazer – “Olha Dilma, estou convencido que nunca antes na estória deste país o pobre foi tão feliz”.
Fiquei a observar cada pegadinha, cada orgasmo alheio e pensei como deveria ser o sabor de ganhar décimo quarto, décimo quinto, auxilio moradia, auxilio terno, auxilio combustível, verba para isso, verba para aquilo... uffa! Estes beneficiários devem morrer de gozar a vida.
O Pobre não, coitado! Senta na praça de alimentação daquele shopping com a chave do seu financiamento de 72 vezes pendurada no bolso dianteiro da bermuda, deposita sua bunda na cadeira, pede uma big porção e toma uma jarra de chope. Enquanto isso, sua mulher que não tem costume de ver dinheiro disponível na carteira, coloca aquele Ray-ban oriundo da Rua 25 de março, calça o sapato paupérrimo que houvera pedido emprestado àquela amiga cafona para ir ao próprio casamento há exatos 25 anos atrás e simplesmente “esqueceu de devolver” (utiliza ainda hoje porque escutou a manicure da sua comunidade dizer que a moda é retrô, e que tudo do passado voltou a ser artigo de luxo no presente). Entra na loja mais cara e com cara de atriz de programa eleitoral gratuito dispara: “Moça, me vê um quilo de calça e uma dúzia de camisa” – nem se quer recorda que roupas possuem manequim.
Enquanto isso a filha de quinze anos molha todo o piso do shopping porque emplastou o cabelo com Garnier Fructis. Desfila pelos corredores no melhor estilo Valdirene piradinha e olha pro rapaz de terno sentado a alguns metros dali e lança aquele olhar de quem esta morta de fome. Em seguida, passa na porta do Boticário e compra aquela desinfetante corporal que o vendedor disse ser inspirado na fragrância do Angel (verdadeira afronta a Thierry Mugler) e pensa: “Nossa senhora dos sovacos desprovidos de zelo, nunca mais vou precisar ser escrava do Avon”.
O filho caçula corre de um lado para o outro com uma enorme corrente no pescoço, parecendo um pitbull faminto. Olha pro PS-4 exposto na vitrine e sente mais uma vez aquela dor no pé esquerdo (afinal o primo que doou o sapato era mais novo, mais magro e menos pobre). Volta ao encontro do pai naquela praça de alimentação na mesma correria de sempre, derruba a coca-cola do boyzinho, senti uma pontinha de orgulho e dispara pro pai: “me da um play 4?” Pobre do pai, todos torrando a décima terceira parte daquele suor sufocante e fedido, querendo agradar ao filho responde: “Estuda que quando passar na provinha do Pronatec o papai da um jeito”.
Nesse momento Dilma aparece nos comerciais da tevê, como verdadeiro Papai Noel da ralé, mostrando a área de lazer daquela comunidade pacificada na base da opressão, lotada de crianças alegres, ônibus parando na porta, água encanada, luz, esgoto, asfalto e uma multidão de gente feliz - interpretando sorridente a vida prometida por quem lhes roubou a dignidade.  Sem perceber escutamos novamente aquela frase subliminar “vote em mim pobre, ano que vem tem mais décimo terceiro”.
Manim

Nenhum comentário:

Postar um comentário