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quarta-feira, 3 de junho de 2015

Quebradeiras de Coco Babaçu são atração em Projetos Culturais do Norte.

Em todo o Brasil, existem trabalhadores para quem a lida diária vem embalada pela sonoridade das cantigas repassadas de geração a geração. Elas fazem parte da cultura brasileira do campo à cidade, e têm registro desde o século 18. Assim é para as destiladeiras de fumo de Arapiraca, em Alagoas, ou para as Cantadeiras do Sisal e Aboiadores de Valente, na Bahia. São os chamados “cantos de trabalho”, sobre os quais o projeto Sonora Brasil, do Sesc, se debruça em sua 18ª edição, iniciada no último dia 28 de maio. Considerado o maior projeto de circulação musical no Brasil, o Sonora traz ao Pará as Quebradeiras de Coco Babaçu do Maranhão para mostrar o seu canto. As apresentações acontecem hoje, no Centro Cultural Sesc Boulevard, em Belém, e amanhã, no Sesc de Castanhal. A entrada é franca.

Formado por oito mulheres que trabalham na quebra do coco babaçu desde a infância, as Quebradeiras de Coco Babaçu do Maranhão hoje exercem importante liderança na defesa e valorização dessas trabalhadoras e na garantia de acesso às áreas de ocorrência da palmeira do babaçu. Elas cantam enquanto quebram o coco, durante a caminhada para os babaçuais, algo que trazem desde a infância, quando acompanhavam as mães e avós na lida diária.
O grupo existe desde 2004, surgido do movimento de mulheres, e hoje tem Dora, Moça e Silena, de Lago do Junco (MA), Nice, de Penalva (MA), Dijé, de São Luís Gonzaga (MA), Iracema, de São Domingos do Araguaia (PA), Francisca Lera, de Esperantia (PI), e Nonata, de São Miguel (TO). No repertório do show, estão incluídos cantos como “Xote das Quebradeiras de Coco” e “Cabocla Faceira”.
As músicas que vêm das lembranças da infância, quando era comum as crianças acompanharem o trabalho na roça e o acesso à escola era algo raro, vinham de um repertório simples, cantigas de roda e rimas que podiam ser reconhecidas na maior parte do país. Mas aos poucos elas também foram ganhando uma função política, de organização, falam do universo desse trabalho, da mulher, dos direitos das minorias e da luta pelo acesso aos babaçuais que estão localizados em grandes latifúndios. “São cânticos que refletem uma postura crítica e questionadora diante das condições de vida das trabalhadoras e suas famílias, que são entoados com voz firme e potente, em uníssono na maioria das vezes, e marcados pelo ritmo das ferramentas usadas na quebra: o machado e o porrete”, explica a curadoria do Sonora Brasil.
Até o fim do ano, a edição “Sonoros Ofícios – Cantos de Trabalho e Violas Brasileiras” promoverá 480 concertos em mais de 130 cidades brasileiras.

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