Drop Down MenusCSS Drop Down MenuPure CSS Dropdown Menu

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Se for para chorar, que choremos por todos os mortos

Infelizmente sei que mais um jovem negro está morrendo na favela, mais uma criança esta com fome, mais uma mulher será violentada, mais uma escola vai ficar fechada por causa da falta de segurança, a rua não foi asfaltada, o saneamento básico não chegou, a luz acabou, e continuamos com nossas vidas faveladas invisibilizada pelo monopólio das informações.   
Apesar de sabermos das nossas dores, temos a necessidade de fazer com que o mundo saiba o que vivemos para, quem sabe um dia, possamos alcançar a paz. Porém, divulgar as chacinas, injustiças e necessidades do povo preto e pobre, nunca foi interessante para a mídia. 

Diferentemente do nosso cotidiano da favela, bastou uma potência imperialista ser atacada que o mundo inteiro se voltou para ela. Sofri e chorei por cada vida ceifada pelos atentados terroristas que aconteceram na França, porém não menos trágico e de importante relevância foram os casos de atentados terroristas na Nigéria e no Quênia, ou ainda do terrorismo ambiental que sofremos aqui no Brasil nos estados de Minas Gerais e Bahia.
Esses casos citados têm suas especificidades, possui proporções diferentes, mas todos eles sofrem da mesma invisibilidade que a favela sofre. Não vou me frustrar por não ver esses casos sendo repetindo na TV o dia inteiro, como está acontecendo com o caso francês, por que acredito que o imperialismo gera a xenofobia, o fundamentalismo religioso gera a intolerância, o capitalismo covarde gera a morte, a violência só gera a violência.
Sei que o golpismo do oligopólio midiático ataca a todo instante e só expõe o que é de seu interesse, mas nesta ultima semana fui violentado junto com meu planeta. Por isso, quero me solidarizar com as inúmeras vítimas dos atos terroristas espalhados pelo mundo. Muito me dói ver a vida humana ser tratada como uma escória, me dói ver o terrorismo de todos os lados sendo naturalizado por essa modernidade liquida. 
Qual é solução para a violência no mundo? E o que nos resta? Sei que é possível afirmar que o caminho da guerra não é a solução que procuramos. Já dizia o profeta: “Gentileza gera gentileza”. Como o mundo está em constantes contradições, só consigo enxergar o ódio gerando ódio, a guerra gerando a guerra e o terrorismo gerando terrorismo. 
Como dizia São João da cruz: “Onde não há amor, coloque amor, e encontrará amor." Jesus sempre falou do amor por todos e para todos, mas quem vem detendo e manipulando o poder, opta pelo poder e adere ao ódio. O poder adoeceu a humanidade e faz o mundo inteiro chorar. 
.*Walmyr Júnior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor e representante do Coletivo Enegrecer como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ

Nenhum comentário:

Postar um comentário