A visita do Papa
Francisco ao Brasil, mostrou ao mundo um Brasil de fé, solidariedade, alegria e
paz. Foi a primeira viagem de um Pontífice que, em quatro meses de reinado, deu
as seguintes lições:
1) Pagou a conta da
casa de hóspedes que o abrigou em Roma durante o conclave. (Alô, doutores
Henrique Alves, Garibaldi Alves e Renan Calheiros com seus jatinhos da Viúva.)
2) Dispensou o
apartamento pontifício de dez aposentos e continuou na Casa Santa Marta, onde
ficam os bispos que passam por Roma. (Alô, Eduardo Paes, que em 2010 queria
comprar para a prefeitura o palacete dos Guinle na Rua São Clemente. Os donos pediam
R$ 10 milhões.)
3) Livrou-se dos
paramentos do regalismo medieval de Bento XVI e dos medonhos sapatos vermelhos
de seus antecessores.
4) Nomeou uma
comissão de cardeais para limpar a estrutura da Cúria e faxinou o Banco do
Vaticano.
5) Confessou-se um
pecador. (Alô, Lula.)
O Papa Francisco
chegou ao Brasil com uma Igreja livre de grandes divisões. Não veio hostilizar
prelados esquerdistas e, se há na hierarquia brasileira discretos muxoxos
(sobretudo por causa da faxina no Banco do Vaticano), eles serão dissimulados.
Se governantes estão
com medo do que significou sua visita, ainda têm tempo para ler a inutilidade
do mal-estar dos comissários poloneses quando João Paulo II anunciou sua visita
a Varsóvia.
Centenas de
milhares de peregrinos hospedados em casas alheias celebrando a fé forão uma
santa lição num país onde o andar de baixo sabe dividir o que tem, enquanto no
de cima não querem nem pagar passagem de avião.
Durante alguns
dias, acreditou-se que as multidões que foram às ruas nas últimas semanas
prenunciavam apenas badernas. Viu-se, contudo, que o povo como perigo é apenas
uma velha fantasia, e Francisco mostrou
o tamanho da fraternidade nacional, sem caviar no camarote das autoridades.
Nos últimos dias,
autoridades federais, estaduais e municipais que torraram bilhões de reais na
construção de estádios informaram que não têm dinheiro para cobrir um buraco de
R$ 90 milhões para custear despesas da Jornada Mundial da Juventude. Gastaram
R$ 1,2 bilhão no Coliseu do Rio.
A viagem da doutora
Dilma a Roma para a coroação de Francisco custou perto de meio milhão. Pode-se
estimar que o governo federal torre perto de R$ 1 milhão por mês só na JetFAB.
De Brasília, saiu o temor de que Francisco seria hostilizado por manifestações
de evangélicos. É difícil, pois não há entre os evangélicos o sectarismo dos
comissários.
Dom Orani Tempesta,
arcebispo do Rio de Janeiro, é um homem de boa paz. Se tivesse na alma a lâmina
sertaneja de D. Eugenio Salles, mandaria um recado a Brasília, ao governador
Sérgio Cabral e ao prefeito Eduardo Paes: “Coletarei a ajuda do povo na esquina
da Avenida Rio Branco com Rua do Ouvidor.”
(Bastou uma palavra
de D. Eugenio a Fernando Henrique Cardoso para que fossem retirados soldados
armados das calçadas por onde passava João Paulo II.)
Os dias do Papa no
Brasil foram jornadas de distensão, beleza e fraternidade, sem comércio ou patrocínios.
Acima de tudo, grátis. Cobraram apenas fé para aqueles que a têm.
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