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sábado, 20 de junho de 2015

Papa Francisco engaja Católicos na defesa do meio ambiente

Ao aproximar Igreja e Ciência, o Pontífice torna palpável o problema do aquecimento global, estimula os fiéis à ação e reforça o peso da Conferência do Clima em Dezembro. 

O lançamento na quinta-feira da encíclica Laudato Si (Louvado Seja), na qual o Papa Francisco aborda de forma inédita a questão do aquecimento global, foi um evento histórico em vários sentidos. Ao introduzir um viés moral ao debate, o documento de 183 páginas torna palpável ao cidadão comum — não apenas aos católicos, mas a “cada pessoa viva no planeta” — a questão do clima, sem entrar em contradição com seus aspectos técnicos e científicos. Ao fazer isso — e este é seu lado mais inovador — aproxima a Igreja à Ciência.
Num tom visivelmente engajado, o Papa Francisco recorre à sua autoridade de líder espiritual para afirmar que o aquecimento do planeta se deve à ação do homem, sobretudo ao uso de energia fóssil e ao consumismo generalizado. O Pontífice acusa segmentos econômicos poderosos, cujos interesses mesquinhos têm atrasado as respostas ao problema do aquecimento. Ele acrescenta que os países ricos do Hemisfério Norte, cujo enriquecimento afetou a saúde do planeta, têm “uma dívida ecológica” com as nações pobres e as gerações futuras.
Indiretamente, a encíclica reforça o peso da Conferência do Clima de Paris, que reunirá em dezembro quase 200 nações numa tentativa de definir um compromisso global de redução das emissões de CO2 e outros gases do efeito estufa. A meta é limitar o aumento da temperatura da Terra ao teto de dois graus Celsius até o fim deste século. Os EUA já anunciaram que pretendem reduzir suas emissões em 26% até 2025 em relação aos níveis de 2005. Espera-se que outros países, inclusive Brasil e China, anunciem suas metas antes da Conferência.
A encíclica Laudato Si coloca Francisco numa linhagem de Pontífices que entraram para a História por seu envolvimento com questões sociais, políticas e econômicas. Posturas que atraíram críticas de variadas cores ideológicas e geraram controvérsias. Quando Leão XIII, por exemplo, publicou em 1891 a encíclica Rerum Novarum (sobre as condições de trabalho), defendendo o direito dos operários à sindicalização e o de cidadãos à propriedade privada, foi atacado por socialistas e capitalistas. Outro exemplo foi o aviso sobre o risco de uma hecatombe nuclear feito pelo Papa João XXIII na encíclica Pacem in Terris, em 1963. Paulo VI, em 1967, desafiou as nações ricas a ajudar os países pobres, na Populorum Progressio; e Bento XVI, na Caritas in Veritate, de 2009, alertou sobre a desigualdade econômica provocada pela globalização.
Ao aproximar ciência e religião, Francisco convoca à ação, numa operação que contém em si mesma um pequeno milagre: amarra num documento profundamente teológico a consciência mais básica de que somos todos corresponsáveis pela saúde de um planeta ameaçado.





Fonte: Jornal O Globo.

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