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quarta-feira, 29 de julho de 2015

"Olho por olho, e o mundo acabará cego"

“A alma corajosa não é aquela que se dispõe a revidar o golpe recebido e sim aquela que sabe desculpar e esquecer.”(Chico Xavier)

          Consta como sendo de Gandhi a frase, título desse texto, a qual que soa como uma máxima. Uma alusão à expressão "Olho por olho, dente por dente". Segundo esta, deve-se proporcionar a uma pessoa o mesmo dano que ela tenha causado a outrem. Mas, se a analisarmos friamente, o que prega esta frase? A vingança ou a justiça?
          Na verdade, justiça x vingança é um assunto muito, muito antigo, mas que sempre vem à tona: Será que a vingança compensa? Ou seria melhor crer na justiça, mesmo que tardia? Será que é possível reparar um prejuízo causando danos aos outros? Podemos dizer que uma linha tênue distingue esses conceitos.

        O termo justiça do latim iustitia, diz respeito à igualdade de todos os cidadãos. É o principio básico de um acordo que objetiva manter a ordem social através da preservação dos direitos iguais, sendo alimentado pela verdade, pela imparcialidade, pelo bem e pelo equilíbrio. Já a vingança é alimentada pelo ódio, pela raiva, pela ira e pelo rancor. 
     Especialistas dizem que sentir desejo de vingança é normal. O que não significa que a pessoa deva executar a vingança, mas sim que esse sentimento é uma emoção humana comum. O problema, esse sim, é que o desejo de retaliação raramente é proporcional à agressão inicial. Ou seja, ao invés de controlar o agressor, querer destruí-lo. Enquanto a justiça visa punir seu agressor - a vingança pune ambos. É uma diferença pequena, porém é necessário entender essa divisão. O que nos difere das pessoas que nos lesam é o discernimento entre o que irá nos prejudicar enquanto indivíduo, não só no campo do físico, mas também dos valores. Isso porque a vingança visa o mal. Ela é inspirada pela argumentação do olho por olho, toma-lá-dá-cá, aqui se fez aqui se paga, que é frequentemente nutrida por impulsos de ódio, rancor e mágoa.
       Nutrir sentimento de vingança pode causar danos físicos? É do imaginário popular que a vingança corrói por dentro. Com isso, quando o desejo de castigar passa a ocupar o centro da vida mental de alguém, leva a sensações de amargura e injustiça. Esse conjunto de desprazeres pode levar ao estresse orgânico. Alguns pesquisadores associam a doenças gástricas como gastrite, úlcera, até perturbações do sono e da criatividade.
       E quando esse sentimento/comportamento é “ensinado” às crianças? “se apanhar na escola, apanha em casa de novo”, “se apanhar, bata de volta com mais força” etc.
      Pra começo de conversa, toda criança tem dificuldades para dominar suas emoções. Entretanto, quanto maior for a idade, maior a importância dos limites. É preciso que aprendam que existem outras maneiras de se expressar sem agressão. O correto é guiá-los para que encontrem soluções civilizadas, que envolvam o diálogo e compreendam o valor das regras de convivência. É imprescindível que entendam que a tolerância é necessária para que todos convivam em harmonia. Isso vale tanto para o agressor quanto para o agredido.
     Como sempre costumo colocar, ratifico: Eduque pelo exemplo e não seja adepto de conceitos ultrapassados do tipo: “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Crianças ou adolescentes podem ser impulsivos ou ainda não possuírem domínio completo sobre suas emoções, mas aprendem com muita facilidade o que observam ao seu redor, assim como são muito capazes de entender os limites que lhes são colocados.
         Limitar é mostrar que o outro também deve ser considerado quando nos decidimos a agir, que nunca devemos pensar apenas em nós mesmos, mas sim compreender que vivemos em grupo, ou seja, convivemos. Em outras palavras, a agressividade deve ser combatida toda vez que superar os limites da educação, da polidez, da civilidade. 
          E por fim, não pense que assim estará ensinando seu filho a ser um “covarde” ou simplesmente “oferecer a outra face”, acima de tudo você estará fazendo bem ao seu filho. Ele precisa de limites, precisa acreditar no poder do diálogo, que a inteligência pode superar a força bruta e um dia seguramente lhes agradecerá por isso. A sociedade também.
 Christiane Lima (Pedagoga, Assistente Social).

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