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quarta-feira, 8 de julho de 2015

Será que o consumismo é normal na adolescência ?


“É bem melhor comprar experiências do que coisas materiais.” 
( Elizabeth Dunn - Psicóloga)
               Já se foi o tempo em que o sonho principal dos jovens era cursar uma faculdade. Hoje eles têm vários: iPods, Carros, celulares de última geração... Consomem marcas famosas mais do que qualquer outro nicho do mercado. Uma pesquisa feita em nove países comprovou que no Brasil sete em cada dez jovens colocam as compras como uma de suas prioridades. Os brasileiros ficaram em primeiro lugar, no topo do ranking em matéria de consumismo, bem na frente dos franceses, japoneses, argentinos, australianos, americanos e mexicanos. Ou seja, “eles vão mais vezes ao cinema, viajam com maior freqüência, compram mais tênis, gostam mais de roupas de grife – mais caras que as similares sem marca famosa – consomem mais produtos diet, têm mais computadores, assistem a mais DVDs e vídeos e, só para terminar, são mais vorazes na hora de abocanhar balas, chicletes e lanches”.

              Engana-se quem imagina que nossos jovens “não sabem” o que querem. Quando o assunto é consumir, a grande maioria deles sabe exatamente onde gastar e ainda influencia as compras da família.Não faz muito tempo, ouvi uma adolescente afirmar que troca de celular pelo menos duas vezes por ano porque andar com coisas ultrapassadas é “pagar mico”. Alguns pais cedem facilmente por terem poder aquisitivo e por isso entendem que não há motivo para tolher os desejos materiais do filho, ignorando que quanto mais os filhos têm, menos desfrutam. Já outros não conseguem rebater os argumentos nem os insistentes, ”por favor,”  (ilustrados com carinhas sofredoras) que sabiamente os filhos utilizam para obter o que desejam.
              Essa é a chamada “Geração da Vaidade”, “Geração da Grife” onde sempre inventam pretextos para justificar os gastos cada vez maiores com roupas, acessórios e estética. Onde “obrigatoriamente” a roupa precisa ter uma marca forte para mostrar status. Para preservarem uma aparência exterior perfeita, condizente com o padrão de ditadura da moda, muitas vezes esses jovens compram sem necessidade ou até mesmo sem condições financeiras. Para o adolescente em fase de afirmação, tentando ser aceito dentro de um determinado grupo, este ato torna-se absolutamente necessário em sua vida. E nesse ritmo desenfreado, a mesada acaba sempre bem antes do final do mês. Será então que podemos afirmar que esse comportamento é “normal”?
               Aos pais, cabe a “penosa” tarefa de terem que decidir se devem sucumbir à pressão do consumismo ou resistirem heroicamente aos apelos dos filhos. Afinal é certo ou errado permitir que uma menina de 15 anos submeta-se a uma cirurgia com fins estéticos? E ao desejo do garoto de possuir uma calça que custa cerca de mil reais? Enfim, esse é o retrato de uma juventude subornada pela mídia comercial, com a permissividade dos pais. A exposição diária dos adolescentes aos anúncios dos veículos de comunicação estimula o consumo de forma inconsequente, influencia na formação de seus valores sociais, em seus gostos, preferências de consumo e padrões estéticos. Sem dúvida, quando esse adolescente ingressar no mercado de trabalho descobrirá de forma dolorida que outras coisas são mais essenciais que roupas de marca e tratamentos estéticos.
             Ceder aos caprichos consumistas é o mesmo que proporcionar uma satisfação ilusória e passageira. É preciso que os pais entendam que atender a tudo indiscriminadamente, de forma alguma será positivo no processo de crescimento pessoal e futuramente profissional dos filhos, pois as conseqüências dessa ostentação vão bem mais além do que “prejuízos financeiros”, onde podemos citar: obesidade infantil, a erotização precoce, a violência (assaltos de tênis de marca, por exemplo) e até mesmo as antigas e lúdicas brincadeiras infantis que tanto estimulavam a criatividade foram substituídas pelo controle remoto.
              Vale lembrar que, sob a ótica legal o Estado também tem responsabilidade nesse processo educativo de nossos jovens, na medida em que tem o dever de atentar para o conteúdo da televisão brasileira:
             Na Constituição Federal: Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
               No Estatuto da Criança e do Adolescente: no que se refere à proibição de programação, diversão ou espetáculos contrários à proteção das crianças e dos adolescentes:
              Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
             Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário recomendado para o público infanto-juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas.
            Ou seja, os meios de comunicação simplesmente ignoram a lei quando incentivam o mero consumismo; ao contrário disso, deveriam respeitar e proteger nossas crianças e adolescentes, vulneráveis e facilmente influenciáveis, em sua peculiar condição de pessoas em desenvolvimento.
           Sabemos que diante desse verdadeiro assédio consumista, é complicado para os pais terem total controle sobre o que seus filhos assistem, mas isso não os exime dessa responsabilidade. Caso contrário, correm o risco de criarem filhos insatisfeitos e infelizes. Ensinar educação financeira aos filhos desde a infância pode não ser uma tarefa das mais fáceis, ainda assim agregar esse valor não tem preço e poupará muitas dores de cabeça futuras.
             Pais que sabem ensinar limites geram segurança e fazem com que seus filhos vivenciem com afetividade o que acontece fora dos muros dos shoppings centers, onde existem leis e regras iguais para todos. Enfim, é imprescindível ensinar que a virtude do “ser” vem bem antes do “ter” e que ética e felicidade não se compra com cartão de crédito.
Entende-se por consumismo o ato de gastar produtos ou serviços, muitas vezes, sem controle e sem consciência.
Fonte: Elizabeth Dunn- Psicóloga

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