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quarta-feira, 8 de julho de 2015

Psicologia, Religião e Ética : Um estudo sobre a atuação dessas práticas na sociedade contemporânea.

Este artigo estuda a ética em um conceito que examina as condutas do profissional psicólogo e profissional teólogo, quando nos referimos, por exemplo, ao comportamento destes nas práticas religiosas, e, além disso, garantir um padrão de conduta que fortaleça o reconhecimento social destas duas categorias. A ética também pode ser considerada como o limite para atitudes que se opõem aos valores que prezam os direitos humanos e de convivência dentro da sociedade. Por esse motivo, foi realizado um breve estudo sobre a atuação da Psicologia e Religião dentro do contexto religioso, e até que ponto a Religião pode cruzar a Psicologia sem interferir nas questões éticas e morais de uma sociedade contemporânea.
A ética é primordial para que a atuação do profissional psicólogo seja íntegra, pautada no respeito ao sujeito humano, dos pacientes, e outros profissionais envolvidos na área. Segundo o Código de Ética Profissional do Psicólogo, toda profissão define-se a partir de um corpo de práticas que busca atender demandas sociais, norteados por elevados padrões técnicos e pela existência de normas éticas que garantam a adequada relação de cada profissional com seus pares e com a sociedade como um todo. O objetivo da ética é de fomentar a auto-reflexão de cada indivíduo sobre a sua conduta profissional e responsabilizá-lo pelas suas ações.
Para iniciar a análise, verificamos que o interesse pelo estudo sobre Religião no ambiente Acadêmico é crescente, embora não seja muito comum esta abordagem nos grandes Centros Universitários.
De acordo com  pesquisas, verifica-se na população universitária e no público em geral, grande interesse pelo tratamento psicológico do fenômeno religioso. Não é claro, contudo, o móvel desse interesse nem mesmo no meio universitário. Tem-se verificado com frequência que estudantes de Psicologia e de outras áreas recorrem à disciplina PR (Psicologia Religiosa) para resolverem problemas pessoais, levantados pelo encontro da religião que trouxeram da família com a perspectiva acadêmica, sobretudo psicológica. O conteúdo curricular das disciplinas de Psicologia, de modo geral, não inclui referência à religião, de modo que a Psicologia Religiosa é procurada, pelos estudantes, como um recurso para a superação do desconforto resultante do desencontro entre religião e ciência psicológica.
É notável que a curiosidade e o desconforto das pessoas sobre este assunto muitas vezes concentra-se dentro da sala de aula, na construção de referência, por ser bastante discutido, mas pouco fundamentado. É importante salientar que há o crescimento de acadêmicos que cursam Psicologia vinculada a diversas religiões. Mas de onde que surge todo este questionamento? Por que duas áreas tão diferentes podem confundir as pessoas se não houver um bom discernimento?  
Tudo começa com um mesmo foco: o homem – o comportamento do homem no meio em que vive. Este é o principal ponto em comum entre a Psicologia e religião. Somos construídos de acordo com as nossas crenças e tudo começa quando acreditamos em algo que possa nos fortalecer de alguma forma. A partir daí agrupam-se pessoas que compartilham a mesma ideia e procuram seguir as mesmas crenças, neste caso, religiosas. De outro lado, a ciência também é construída por crenças, de experimentos que levaram a inúmeras consequências prováveis, aumentando a credibilidade, e assim foram fortalecidos pelo povo.
As pessoas passaram a ter duas formas eficazes para encontrar respostas para algum problema: Acreditar em algo maior para manter viva a esperança e a vontade de permanecer vivo de acordo com o mundo subjetivo de cada um. O estudo da Religião preza pelo equilíbrio e a paz de espírito de qualquer ser humano assim como a Psicologia enquanto ciência preza pelo bem estar físico e mental do indivíduo. Deste modo as duas práticas se complementam.
A Psicologia e Religião é um assunto que trás diversas opiniões sobre a mesma questão. De acordo com o artigo de PAIVA G.J. Psicologia e Espiritualidade. Congresso de Psicologia Unifil Universidade de São Paulo .  “Se, com efeito, a realização do potencial humano, a auto-realização, for entendida como desabrochar na pessoa do que de melhor existe em sua capacidade, que inclui a comunhão com o outro e com o universo, é lícito reconhecer nesse empenho uma libertação do aqui-e-agora, do imediato, do concreto material, em direção a uma totalidade maior, eventualmente cósmica. Isso corresponde ao que contemporaneamente se denomina por espiritualidade. Outra posição, ligada ao ‘movimento de conscientização’, é apresentada por Lucy Bregman, da Universidade Temple. Bregman (2001) sustenta, teórica e empiricamente, que a psicologia tem recursos próprios, não opostos os recursos religiosos mais independentes deles, para lidar com a preparação para a morte com o luto dos sobreviventes. Para ela, a psicologia tem espiritualidade, porque a morte desvela para quem parte e para quem fica dimensões do self e do universo, que escapam aos limites do aqui-e-agora.
A espiritualidade da psicologia na morte se expressa pela tristeza, pelo desgosto, pelo medo, pela raiva e pelo sentimento de ultraje frente à perda pessoal e social; se expressa também pela consciência de que a morte faz parte do ciclo da vida e ‘nos une com os outros seres vivos num ecossistema que opera com harmonia, senão com finalidade e [...] benevolência (p.327)’. Considera-se essas formas de espiritualidade oriundas da psique humana, enquanto exigência intrínseca de auto-realização, que inclui a comunhão com o outro, e enquanto reage às frustrações que atingem a auto-realização.”
Já de acordo com o artigo de ADAMI, A.R.; PASTOR G. Pastor e Psicólogo trabalhando juntos.“Notamos assim, que os campos, a formação, as atividades e a atuação são distintos, mas não opostos. Contudo, há um elemento comum que os une e que deve ser o lugar do diálogo entre a Teologia e a Psicologia, é a visão de homem, a antropologia, já que ambos, pastor e psicólogo, têm sua atenção voltada e dedicada para o ser humano.”
De outro modo o psiquiatra cristão brasileiro, Uriel Heckert, apresentou o trabalho Psiquiatria e Cristianismo, no IX Congresso Mundial de Psiquiatria (1993), no qual cita um outro psicólogo e pastor, o Dr. J. H. Ellens, que diz:
"'Vejo a teologia e a psicologia como perspectivas ou pontos de referência diferentes, com diferentes universos de discurso, lidando com o mesmo assunto. Interagem em quatro níveis na busca pela verdade a respeito de seu objetivo: no nível teórico de suposições, conceitos e definição de teoria, no de pesquisa metodológica, no de banco de dados (que dados procurar, como procurar e como aparecem) e no nível de experiência clínica. ' Para concluir: 'Seu tema comum é a condição humana. Interseccionam-se, por isso, na antropologia que funciona ou se forma em todos os níveis de intersecção acima citados. '”.
O problema começa quando há conflitos de valores e de condutas do profissional Psicólogo dentro das instituições religiosas. Em muitos casos, há profissionais contratados pelo corpo administrativo desses espaços religiosos a fim de fornecer serviços terapêuticos de psicologia camuflados por uma terminologia espiritual. Há Psicólogos atuando em igrejas, templos, casas de reflexão espirituais, por exemplo, usando a escuta clínica e abordagens psicoterápicas para tratar os fiéis, e assim atraí-los com a finalidade de convertê-los usando a Psicologia como ferramenta para tal. Esta atitude é considerada uma enorme falta de ética. Quando o Psicólogo presta serviços havendo um vínculo deste porte com as instituições religiosas, a intenção pode ter esta triste finalidade.
 Quando esta prática é voltada para comunidade ao entorno, para fins de serviços sociais, e que estas instituições religiosas sedem ou alugam seus espaços para atender este público dentro de um setting terapêutico adequado, percebe-se que este movimento está de acordo com as normas éticas e morais segundo o código de Psicologia vigente. Por este motivo é preciso ter muita atenção.
O fato de existirem Psicólogos adeptos a diversas religiões sendo eles pastores, conselheiros, religiosos e ministros atuando na área de Psicologia, não há indicadores de problemas. Cada indivíduo tem a sua liberdade para escolher o que quiser, contudo, suas crenças não podem influenciar jamais dentro das práticas Psicológicas.
A Psicologia é uma ciência que está inserida em várias áreas e nos últimos anos cada vez mais no ambiente religioso, mas não podem interferir os valores pessoais de cada profissional, seus instrumentos, na fé e na fragilidade das pessoas assim como usar técnicas psicoterápicas para atrair fiéis.
A situação contrária também acontece: religiosos, pastores, conselheiros dentro da igreja, encontram maior resistência para encaminhar assuntos psicológicos aos profissionais que atuam na área. Muitos tentam resolver possíveis problemas de cunho psicológico dos fies fazendo rezas e atitudes mais drásticas. Não que sejam menos eficazes, mas é preciso ter um bom senso e encaminhar estes assuntos aos seus respectivos meios de ajuda, quando necessário.
É importante não desqualificar as práticas religiosas e psicológicas, pois estas têm grande credibilidade dentro da sociedade contemporânea. Psicologia e Religião é assunto é bastante complexo, por isso é preciso uma educação adequada frisando a ética para evitar condutas impróprias como as citadas acima. É preciso ter atenção para que as duas áreas não invadam o espaço uma da outra.
A Psicologia e Religião são complementares. Devem ser discutidas sempre para desmistificar ideias preconceituosas sobre a Ciência e Religião. Debates, artigos e estudos são os caminhos mais eficazes para quebrar tabus, para conscientizar as pessoas que o respeito e a compreensão fazem cair por terra à ignorância que cultivamos por vários anos. Só assim, poderemos exercer práticas justas e íntegras e com muito mais transparência.

Fonte: Carina do Espirito Santo Barreto - Psicologa 

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