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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Brasil, o país das anomias

Anomia: substantivo feminino. Que não possui norma; desprovido de lei(s); sem regra(s); anarquia ou desorganização. Esta é a definição que se encontra no dicionário. Mas atualmente, não é preciso procurar nos livros o significado desta palavra. Basta olhar para o próprio Brasil para ver um exemplo claro do que ela significa.
A crise das instituições e o conflito de poderes deram mais sinais nos últimos dias de que se estendem dos altos comandos do país à esfera cotidiana das cidades, e que só serve para deflagrar e aumentar ainda mais confrontos sociais e políticos. A incoerência nos atos, a ausência de autoridade, o conflito entre instituições e poderes e a falta de rumo do país evidenciam o absoluto estado de anomia.

O Ministério Público Federal afirma que todo o esquema de corrupção começou na Casa Civil, ao mesmo tempo em que afirma que o Supremo Tribunal Federal quer acabar com a Operação Lava Jato, desqualificando as decisões deste próprio STF. Como se não bastasse, o Ministério Público e a Polícia Federal também viveram momentos de conflito, discordando sobre a justificativa de prisões na Lava Jato.
O Supremo Tribunal Federal, instância maior dos poderes do país, torna inconstitucional o financiamento privado nas campanhas eleitorais. A Câmara quer aprovar. E o mesmo poder judiciário que ataca a corrupção, o mau uso do dinheiro público e a crise financeira, comenta-se em Brasília que faz um trabalho surdo para que o veto do aumento do Judiciário seja derrubado. E o Poder Executivo que propôs vários vetos, há um mês retirou a proposta da CPMF, e hoje volta a apresentá-la. 
Tudo isso mostra o conflito de direção que o país vive. 
E como fica o povo?
Generalizada, a crise política, econômica e social não se limita a questões dos altos tribunais e gabinetes de Brasília. O mesmo enfrentamento e desautorização de poderes se prolonga em desmandos nas capitais. 
Nos estados, o que se vê são escândalos dos assassinatos em São Paulo, que tudo indica terem sido praticados por policiais. E o governo, até agora, não se pronuncia. Ou os incêndios de ônibus em Goiânia, com uma população revoltada e nenhuma atitude do poder público.
No Rio, ganha destaque a ascensão dos "justiceiros de Copacabana", após um fim de semana de ação de assaltos e roubos nas praias da zona sul carioca e reação violenta. Estes mesmos "justiceiros" afirmam que os policiais os apoiam, já que não os prenderam. "É o terceiro final de semana que fazemos isso”, afirmam, com orgulho.
Enquanto isso, a Segurança Pública diz que a polícia está "constrangida", criticando a decisão da Justiça contra atuações de repressão em ônibus que vêm do subúrbio em direção às praias.
Na grande mídia, frequentadores das praias destacam que o que se vê é a "falência das autoridades", que não conseguem propiciar o bem-estar da sociedade. Nas televisões, uma jovem inglesa, que havia acabado de ser assaltada na praia, chorava em desespero, dizendo que jamais voltaria ao Brasil. Será que ela se assusta e chora da mesma forma quando vê refugiados serem assassinados ao tentar entrar na Europa? Quando vê imigrantes serem chutados? Quando seus barcos são afundados? Já deveria ter se acostumado a ver desesperado em crise de barbárie igual ao que acontece na praia.
Enquanto isso, aqui no Brasil, os jovens que praticam crimes nas praias se tornam "celebridades", verdadeiros "Robin Hoods" dos tempos modernos. Não têm medo de enfrentar multidões e até a polícia armada. Entre a sorte e a morte, preferem a morte com medo de sua sorte. Com ousadia e um punhado de areia nas mãos, reagem e deixam a polícia sem saber o que fazer. Polícia que, acuada, chega a sacar a arma em plena praia, num flagrante de agente exorbitando suas funções. Na outra ponta, espectadores que assistem à cena enxergam os jovens que roubavam como um Davi enfrentando Golias.
Jovens da zona sul já se organizam para reagir mais uma vez, e combinam nas redes sociais ações violentas contra aqueles de classe pobre que aparecerem nas praias. Mas será que esses jovens, que malham em academias, acham que podem enfrentar a multidão pobre do país, que não tem oportunidades, escola, saúde, trabalho? Qual será o resultado dessa guerra de classes?
Anomia: Que não possui norma; desprovido de lei(s); sem regra(s); anarquia ou desorganização. 
É neste estado que estamos.
Fonte: Jornal do Brasil

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