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domingo, 12 de abril de 2020

O DESASTRE DA CEGUEIRA .......................



Dra. Fabiane Araujo de Oliveira. Diretora Social da Associação Esportiva Paramazonas (ASSEP) e Policial Civil do Estado do Amazonas.


Em tempos de crise, temos a oportunidade de reflexão, reconstrução, ressignificação. Mas tal capacidade só é possível se conseguirmos superar a “self-deception” (mentir pra si mesmo) posta por Morin.
Nestes, dias eu comecei a refletir sobre a necessidade do enriquecimento do espírito, da necessidade dos valores, da reforma de pensamento que possam trazer de volta a compreensão da complexidade que gira em torno das múltiplas realidades, superando assim todas as formas de reducionismo.
Tudo de repente parou diante de um vírus que ameaça a vida. De repente chegou ao meu conhecimento um artigo: “Coronavirus e a luta de classes” e fiquei refletindo como as premissas de um pensamento binário (rico x pobre; preto x branco; homossexuais x heterossexuais, etc..), o estímulo da luta, da briga, do fomento ao ódio, como tudo isso levam a resultados de exclusão de pessoas, de vidas, de prioridades.
Como esse pensamento reduz o ser humano e faz emanar dele o seu pior e levam a resultados desastrosos, na educação, na economia, na saúde, na relação humana como um todo, na empatia que poderia construir pontes, na cegueira de si, do outro, ou seja, na sociedade como um todo.

Tal pensamento binário temos vivido neste tempo de Pandemia tendo como resultado a politização do sentido da vida! Produzindo uma nebulosidade de informações e reflexões. O Brasil é um país continental, somos sabedores que o vírus não chegou nem em 20% do país. Então por quê adoção de medidas iguais para realidades diferentes? Onde está o equilíbrio, a etapa de procedimentos e cautela? Para quem deve ser a quarentena? E de onde surgiu a hipocrisia de um pensamento de lockdown (para tudo)?
Mas a quem beneficia a parada de um país? Já que a vida de todos é importante, todos poderiam parar? Os bombeiros, os policiais, os médicos, os enfermeiros, os padeiros, os agricultores, os caminhoneiros, os frentistas, os caixas, as empregadas doméstica, os atendentes, os entregadores, os pizzaiolos, os sushiman, os caras da internet, o fornecimento de energia e a lista continua..
Vimos então a hipocrisia do Lockdown e a necessidade de reflexão, planejamento, sobriedade, visto que o todos, menos eu, é no mínimo estupidez. Como seria bom se “todos” pudessem ficar em casa, com o seu sustento garantido.
E como ficam os 24, 4 milhões de trabalhadores informais (Agencia Brasil)? E as micro e pequenas empresas que representam, 99,1% segundo o Sebrae. Supere portanto, o pensamento binário e simplista de luta de classes, comece a refletir sobre a complexidade entre as dimensões que se retroagem.
 Então voltemos para a premissa: Para quem deve ser a quarentena?
O vírus está aí. Ele não vai passar. Apenas 15 dias resolve?  Há séculos combatemos o bacilo da tuberculose. Então o quê acontece? Convivemos com ele, o combatemos com higiene, cuidados, profilaxia, estudos químicos e biológicos para encontrar a cura. É isso que há séculos temos feito, não apenas por um período.
O mais contraditório de tudo isso é testemunhar, o que a academia refuta tanto, mas adota em demasia, intelectuais que respeito, com discursos que promovem o erro e a ilusão. Mas qual motivação de tudo isso? Será o erro de percepção? O erro intelectual? Visto que o conhecimento por meio de palavra, de ideia, de teoria, é o fruto de uma tradução/reconstrução por meio da linguagem e do pensamento e, por conseguinte, está sujeito ao erro. (MORIN,2011, p. 20) Ou será o caráter? Na academia temos à disposição a análise de discurso e conteúdo, então porquê tantas distorções nas oitivas?
Tudo isso só me leva a refletir sobre o poder da empatia! O poder dos sentimentos! O poder de uma paixão! O poder dos vícios, no sentido Aristotélico, da falta e do exagero que impedem a virtude, o equilíbrio. Vemos uma geração de “Narcisos”, o que vale sou eu...
Os meus votos vão para que superemos tudo isso da melhor maneira possível, exercendo nossa cidadania, fazendo pressão popular mesmo de casa pelas redes sociais! Que a reflexão para a tomada de medidas possam realmente aceitar os diferentes! Que superem o discurso do ódio camuflado de bem!

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez: Brasília, UNESCO, 2011

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